sexta-feira, 29 de maio de 2009

Trauma e crise


A primeira associação de ideias que fiz com a palavra TRAUMA, talvez porque há dias estive a ler umas coisas sobre educação, foi com o célebre Dr. Benjamim Spock, pediatra americano, autor de livros sobre a educação infantil, que defendia que não se deveria repreender as crianças quando se portavam mal, porque isso iria criar-lhes traumas. Evidentemente que o alcance das suas palavras só foi possível devido a todo um enquadramento histórico e social, mas a verdade é inspiraram várias gerações de pais, até hoje.

Se acrescentarmos que hoje os pais estão cada vez mais ocupados com as suas próprias ambições e encaram cada vez mais os filhos como um prolongamento de si próprios, percebemos que o provérbio “Quem tem filhos tem cadilhos” leva a que muitos ou não tenham filhos, ou os queiram manter num estado de satisfação constante, como se isso lhes desse garantias de tranquilidade.

Nada mais falso. A falta sistemática de colocação de limites e barreiras por parte dos pais, sendo que para os colocar é preciso criar pequenas CRISES familiares, não permite à criança o desenvolvimento daquilo a que chamamos a capacidade de contenção, que não é mais do que a capacidade de auto-controlo.

Dizendo que sim a tudo o que a criança quer para não a arreliar, iniciam um movimento de bola de neve que não tem fim, pois esta colocará a sua exigência sempre mais e mais alto, até ao desespero dos pais, o que acaba muitas vezes por resultar em abandono afectivo pela insuportabilidade do despotismo de que se sentem vitimas.

Saber dosear firmeza e amor é uma questão de bom senso dizem muitos. Mas não é assim tão simples porque estas capacidades parecem ser cada vez mais difíceis de encontrar nos dias que correm. Quem foi educado com elas conhece-lhes as vestes, quem não foi tem na tarefa de educar um trabalho muito mais difícil e como mais vale prevenir do que remediar, talvez fosse bom pedir ajuda profissional.

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