quarta-feira, 22 de julho de 2009

Conta-me uma história...

Conta-me uma história, desses personagens inventados, que personificam os meus dramas e conflitos internos e assim, me ajudam a crescer. Conta-me uma história porque ela me permite compreender quem sou eu e me ajuda a descobrir o outro, entre esses bravos guerreiros e jovens princesas, que moram numa terra muito muito distante e acolhem, gentilmente, as minhas identificações e projecções. Traz-me também na tua história o nome das minhas angústias, dos meus medos em forma de bruxa, dos perigos em forma de lobo e aqui, enquanto me lês a história e estamos seguros, treinamos a morte, o susto, o abandono… mas também experimentamos, encenando, a alegria, a vitória, o amor... Ensina-me a tua moral, o que é o bem e o mal, de que são feitos os alicerces desse reino, que me dás a conhecer. Embala-me com a tua voz por entre os secretos lugares do meu inconsciente e oferece-me o tempo e o espaço para que na fantasia eu construa o meu imaginário.

Diz Bruno Bettelheim*:
"(...) os contos de fadas são portadores de mensagens importantes para o psiquismo consciente, pré-consciente ou inconsciente, qualquer que seja o nível em que funcione. Lidando com problemas humanos universais, especialmente com os que preocupam o espírito da criança, as histórias falam ao seu ego nascente, encorajando o seu desenvolvimento, enquanto, ao mesmo tempo, aliviam tensões pré-conscientes ou inconscientes. À medida que as histórias se vão desvendando, elas dão crédito e corpo conscientes às tensões do id e mostram os caminhos para satisfazer as que estão alinhadas com as exigências do ego e do superego."


* no seu livro A Psicanálise Dos Contos de Fadas

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