quinta-feira, 2 de julho de 2009

AS REGRAS


Tinha proposto para o início de Julho a discussão de um tema que me parece muito actual: o da aplicação da velha regra da neutralidade (e não digo velha no mau sentido; eu adoro, como acho que todos sabem, o velhinho das barbas).

Ou seja, será que ela faz ainda sentido, num tempo em que a hiperconexão cibernética, por um lado, e a apatia cívica, por outro, puxam em sentidos contrários (ou no mesmo, quem sabe)?
Julgo que todos têm já, divulgado pela Ana Almeida, o texto de Adrian Liberman, psicanalista venezuelano. Liberman fala, nese texto de ódio e de polarização política. Há dias houve um golpe de estado nas Honduras, de que resultou uma condenação conjunta dos USA e da Venezuela. Facto insólito e que dá que pensar.
E aqui, como é?
Devemos tomar posições públicas? De certo modo, estamos a fazê-lo, sempre que escrevemos neste ou noutro blog, jornais, revistas, livros, etc.
Acontece-me cada vez mais aparecerem-me pacientes que já me googlaram antes da primeira consulta.
Como interpretar a regra da neutralidade nestas circunstâncias? Será a mesma que era no tempo de Freud? Recordo que ele nunca deixou de tomar posições (a carta sobre o sionismo, de 1930, é um excelente exemplo, mas há muitos mais).
Fico à espera das vossa reflexões.

1 comentário:

  1. De forma muito suscinta pronuncio-me...
    apenas as máquinas conseguem uma certa "neutralidade" e, mesmo assim, todas elas têm um propósito, um contexto, um fim. A neutralidade faz sentido no contexto pessoal de cada profissional, na maneira como cada um lida com as mesma.
    O "ser neutro" dá azo a uma certa apatia, que pouco tem a ver com o desempenho das nossas funções.
    Neutralizar?! A psicanálise vive "tapada", a psicanálise pronuncia-se pouco e a meu ver, tem muito a dizer... tenho uma imagem para a psicanálise... a de uma mulher de burca que apenas se revela ao seu marido, onde já ninguém a pode olhar a não ser ele mesmo!

    ResponderEliminar