quinta-feira, 4 de junho de 2009
Corpo (Des)graçado
Corpo com graça, corpo sem graça. Corpo com alma, corpo sem alma.
Corpo com graça e com alma não corresponde necessariamente ao corpo estético, ao corpo belo. Afinal quantos corpos belos são desgraçados! Pensemos nos corpos anorécticos, bulímicos, mutilados, outros doentes pelo resultado de somatizações graves. Um corpo com graça e com alma é belo pela vitalidade que brota, que inspira carga simbólica e diria até genitalidade.
Talvez, por estas associações expostas, iria cometer o acto falhado ao escrever o título corpo (des)carnado em vez de (des)graçado, o primeiro título a ser pensado e como tal acima enunciado. É que um corpo sem graça e sem alma, sem carga simbólica e genital é afinal um corpo descarnado, um corpo sem a carne anímica e palpável, um corpo alibidinal.
O corpo tem uma linguagem e expressão própria, pensemos no corpo em movimento num bailado, numa outra dança contemporânea ou ainda ritualizada, mas estas expressões com a tal carga simbólica que nos invade e faz-nos pensar, elaborar com nossa mente (muitas vezes vista como separada do resto do corpo) e sentir as mais variadas sensações (e emoções) com nosso corpo corporal, chamemos assim. Será que quanto mais alma e graça nosso corpo possui, mais emoções e sensações sente? Parece que sim. E parece que mais padece quanto menos emoções é capaz de sentir e mais desgraçado quanto mais dor sofre.
O corpo desgraçado aparece na ausência da graça metafórica, sendo que ainda aparece de graça a crueldade do descarnado sofrido e por vezes imentalizável que “ quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”, como cantava Variações. Há quem faça fugas para a frente com o corpo, há quem o ofereça e maltrate de graça, há quem o venda na desgraça, mas porém há quem o pense e o transforme e quando o corpo tem juízo, a cabeça também o pode pagar, deixa a pagar, deixa a pagar (cantando doutra forma) !!!
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