segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Psicoterapia e Neurociencias: o casamento que nao escondido demora a ser reconhecido

A Revolução Cognitiva deu-se nos anos 70! Foi a época do estudo das funções cerebrais que permitiu compreender melhor o funcionamento do nosso enigmático cérebro. A partir dos anos 90 partiu-se para novas "aventuras": mapear no cérebro as emoções ou mesmo a consciência. Estava assim refutada a ideia de que corpo e mente seriam entidades separadas. Situando a mente no cérebro, sendo o cérebro corpo, então chegou-se a corpo e mente unos. Parece ter sido este o momento do casamento (feliz) entre psicoterapia e neurociências, ou o momento em que o divulgaram.
Se a psicoterapia envolve alterações emocionais, cognitivas e comportamentais, tais alterações têm expressão cerebral. Quando em psicoterapia cognitiva se substituem pensamentos automáticos irracionais por pensamentos racionais, criando alterações emocionais, ocorreu uma nova aprendizagem. Esta nova aprendizagem deve-se à criação de uma nova rede neuronal ou alteração de uma já existente, o que tem uma expressão cerebral que pode ser observada utilizando técnicas de imagiologia refinadas como o PET scan, quando ocorrem em maior escala
Ora o casamento, embora demore a ser reconhecido, é efectivo. Assim, o desafio que parece agora ter de se superar é o desenvovimento do seu "filho". Surgem já algumas investigações que, através do estudo neuropsicológico e utilizando técnicas de imagiologia, verificam as activações cerebrais e alterações que ocorrem ao longo da psicoterapia. Se a Psicoterapia e a Neuropsicologia (ou Neurociências) continuarem o trabalho conjunto poderemos chegar ao momento em que, partindo de uma avaliação neuropsicológica, possamos planear uma intervenção psicoterapêutica tendo presentes os efeitos que o objectivo psicoterapeutico terá dentro de nós, ou seja no nosso cérebro. Será um trabalho bidireccional! Não significa que se torne a psicoterapia muito técnicista mas sim que se compreendam melhor os seus efeitos, tornando-a ainda mais eficaz.
Que o fim desta história seja "e viveram felizes para sempre...".

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