segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Histórias de vida

Este mês lançou-se um tema sobre a importância das histórias, dos contos e da narrativa na estruturação do psiquismo. Falou-se sobretudo nas crianças e nos contos de fadas, mas poder-se-ia ter falado das fábulas, das lendas e também dos mitos que desempenham igual importância não só na infância mas ao longo de toda a vida.

As histórias, reais ou ficcionadas só têm sentido se forem interpretadas à luz do mundo simbólico que constitui a cultura humana e não é novidade para ninguém que a condição humana é o reflexo da cultura e da história, para além dos recursos físicos e psicológicos.

Quem nunca leu uma biografia? Habitualmente estão repletas de factores históricos e culturais. E o método biográfico ocorre tanto na literatura como nas ciências sociais. As histórias de vida (expressão mais comum para designar o método biográfico nas ciências sociais) são utilizadas para estudar os estágios de desenvolvimento e as transições que ocorrem ao longo de uma vida. Para além da investigação este método pode também ser utilizado com uma intencionalidade terapêutica. A utilização metodológica das histórias de vida permite a transformação do sujeito empírico em sujeito analítico e revela a necessidade de demonstrar a forma como o sujeito analisa e atribui sentido ao seu quotidiano e às decisões que toma.

Para Bruner (1990)* a principal tarefa do eu é mesmo a construção de uma história de vida (construção longitudinal do eu) ajustada às circunstâncias actuais do sujeito no sentido de uma coerência e adaptação externa e interna, desenvolvendo um sentido de identidade e continuidade.


* Bruner, J. (1990). Actos de significado. Lisboa: Edições 70.

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