segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
A Eficácia das Psicoterapias Dinâmicas
A crença de que as psicoterapias dinâmicas não têm uma veracidade científica suportada por estudos empíricos ainda persiste na nossa sociedade pondo em causa a eficácias das mesmas. No entanto, Jonathan Shedler, em "The Efficacy of Psychodynamic Psychoterapy", revela-nos o contrário e elucida-nos sobre a existência deste lado mais científico das psicoterapias dinâmicas e de como a sua eficácia pode surpreender os mais cépticos.
Deixo-vos o link para poderem ter acesso ao documento completo.
http://www.apa.org/news/press/releases/2010/01/psychodynamic-therapy.aspx
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Estilo de vinculação e desenvolvimento intra-uterino
Depois de Konrad Lorenz ter observado que os gansos recém-nascidos se ligam à primeira coisa que vêem mexer depois de sairem do ovo, seguindo-a (normalmente a mãe ganso) para todo o lado, um fenómeno com algumas parecensas foi também descrito em relação aos seres humanos. John Bowlby (1958) foi quem primeiro descreveu este processo, dando origem à cada vez mais em voga, Teoria da Vinculação.
A Vinculação ("Apego" ou "Attachment") expressa-se essencialmente por uma necessidade muito importante de formar um laço afectivo constante e seguro com a mãe (ou substituto maternal) logos nos primeiros meses de vida. O comportamento de Vinculação manifesta-se ainda, e de um modo mais geral, na regulação de um equilíbrio fundamental entre a necessidade de proximidade e protecção da mãe, e a necessidade de explorar o mundo exterior. Sendo um processo intrinsecamente interactivo e relacional, a especificidade de cada estilo de vinculação bebé-mãe vai depender simultaneamente das características de cada um dos dois interlocutores.
Resumidamente, encontraram-se principalmente 4 tipos de estilos de vinculação:
- Vinculação Segura: o bebé sente-se seguro e confiante na presença da mãe, sentindo-se também à vontade para explorar o meio ambiente
- Vinculação Insegura:
>Evitante: o bebé sente-se desamparado na ausência da mãe e a sua presença não a consola nem securiza inteiramente, tendendo a centrar-se em si próprio.
>Ambivalênte: o bebé só se sente bem na presença da mãe protestando aquando do reencontro por esta o ter deixado. Tem muito pouca vontade de explorar o mundo exterior.
>Desorganizado: bebés com um grande nível de perturbação e ansiedade, sentida frequentemente e um pouco independentemente da presença ou ausência da mãe.
Até há pouco tempo, pensava-se que estes estilos afectivos (baseados nos protocolos de observação de até então) eram aprendidos por volta do 10º mês de vida. Actualmente, Boris Cyrulnik (Neuropsiquiatra, Etólogo e Psicanalista) realizou uma experiência que pode pôr em causa o facto de que a organização do estilo de Vinculação só se adquire próximo do primeiro ano de vida.
Com a ajuda de ecografias, observou como fetos reagiam quando se induzia um ligeiro estado ansiogénico na mãe (era pedido que cantasse). Apesar das limitações óbvias desta experiência, foi possível discriminar 3 "perfis" comportamentais dos bebés em gestação: um em que os bebés se agitam esperneando e aumentando o ritmo cardíaco; outro em que o ritmo cardíaco também fica mais acelerado mas apenas levantam os braços; e um último em que não há, nem alteração dos batimentos cardíacos, nem movimento dos membros.
Segundo o autor, se esta experiência não prova a existência de estilos de Vinculação organizados em plena gestação, pelo menos sugére que no dia em que os bebés vêm ao mundo, têm já uma pequena preferência comportamental que pode influenciar e até determinar mais cedo do que se pensava, a organização de um estilo de Vinculação.
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